A produção petrolífera angolana voltou a descer, em Agosto, o equivalente a 8.000 barris diários face a Junho, mas mantendo-se como o segundo maior produtor africano, atrás da Nigéria, segundo dados da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
De acordo com o último relatório mensal da OPEP, divulgado hoje, Angola atingiu em Agosto uma produção diária de 1,448 milhões de barris de crude, face aos 1,456 milhões do mês anterior, com dados baseados em fontes secundárias da organização.
Este é o segundo pior resultado de Angola em 2018, depois de em Junho ter produzido 1,444 milhões de barris por dia.
Angola até começou bem o ano, com uma produção diária de 1,615 milhões de barris de crude, mas este valor tem diminuído gradualmente.
Por outro lado, a Nigéria, líder da produção petrolífera africana, viu crescer a sua produção diária de barris de crude em 74.000, alcançando os 1,725 milhões de barris em Agosto.
Durante praticamente todo o ano de 2016 e até Maio de 2017, Angola liderou a produção de petróleo em África, posição que perdeu desde então para a Nigéria. A produção nigeriana foi condicionada entre 2015 e 2016 por ataques terroristas, grupos armados e instabilidade política interna.
O acordo entre os países produtores de petróleo para reduzir a produção e fazer aumentar o preço do barril obrigou Angola a cortar 78.000 barris de crude por dia com efeitos desde 1 de Janeiro de 2017, para um limite de 1,673 milhões de barris.
Um acordo que Angola terá “furado” em Outubro do ano passado, ao produzir 1,689 milhões de barris por dia, segundo os dados da OPEP com base em fontes secundárias.
O relatório da OPEP refere também que, em termos de “comunicações directas” à organização, Angola terá produzido 1,481 milhões de barris de petróleo por dia em Agosto.
Para além de ultrapassarem os números apresentados pela OPEP, as “comunicações directas” apontam ainda para um crescimento da produção em 26.000 barris diários face a jJulho.
Angola enfrenta desde final de 2014 uma profunda crise económica, financeira e cambial decorrente da forte quebra nas receitas petrolíferas.
Em menos de dois anos, o país viu o preço do barril exportado passar de mais de 100 dólares para vendas médias, no primeiro semestre de 2016, para 36 dólares por barril, segundo dados do Ministério das Finanças de Angola.
Em Agosto, a consultora FocusEconomics estimou um crescimento de 1,9% da economia angolana para 2018 e que acelere para os 2,3% em 2019, previsões sustentadas no estimado aumento do preço do petróleo.
“A economia deve emergir da recessão em 2018 devido aos preços mais altos do petróleo, que são benéficos para o segundo maior produtor de petróleo na África subsariana”, escreveram os consultores na análise de Agosto às economias africanas, em 16 de Agosto.
Em 2 de Julho a mesma FocusEconomics apresentou “ipsis verbis” as mesmas estimativas, tal como fizera em 27 de Junho. É, provavelmente a pedido, a velha técnica do MPLA. Repetir, repetir, repetir uma mentira até que alguém acredite que é verdade.
“A economia deve emergir da recessão em 2018 devido aos preços mais altos do petróleo, que são benéficos para o segundo maior produtor de petróleo na África subsariana”, escrevem os consultores na análise deste mês às economias africanas, enviada aos investidores.
Os analistas da FocusEconomics esperam um crescimento económico de 1,9% este ano e uma aceleração para 2,3% em 2019, e depois uma subida para 2,8% em 2020 e 3,3% e 3,8% nos dois primeiros anos da próxima década.
A dívida pública, por seu turno, deverá aumentar de 64,1% no ano passado para 73,7% este ano, mas depois deverá descer para 68,6% e 67,2% até 2020, caindo para 61,4% em 2022.
Para já, dizem, “uma forte recuperação económica ainda está por se materializar este ano, já que o indicador de clima económico manteve-se solidamente em terreno negativo no primeiro trimestre”, nos 14 pontos negativos, uma tendência que se mantém desde 2015, um ano depois da descida dos preços do petróleo, no Verão anterior.
Elogiando (pois claro!) as reformas lançadas pelo Governo do Presidente João Lourenço, e vincando que “o FMI elogia as políticas económicas”, a FocusEconomics acrescenta que “o sector privado deve beneficiar significativamente das reformas estruturais e do empenho do Governo no aumento da concorrência no mercado interno”.
Notícia de 27 de Junho
«A consultora britânica FocusEconomics considerou hoje que Angola vai sair da “recessão prolongada” dos últimos dois anos e crescer 1,9% este ano e 2,3% em 2019, com as reformas a merecerem a confiança dos investidores.
“Uma rápida recuperação económica no princípio de 2018, no seguimento de uma recessão prolongada nos últimos dois anos, não parece provável, de acordo com os indicadores económicos disponíveis”, escrevem os analistas desta consultora britânica.
Na análise mensal às economias africanas, enviada aos investidores, a FocusEconomics acrescenta que “apesar de melhorar ligeiramente face ao trimestre anterior, o indicador de clima económica permaneceu em território negativo no primeiro trimestre, onde está há mais de dois anos”.
O sentimento negativo baseia-se na deterioração das principais indústrias do país, como o sector extractivo e a manufactura, para além da construção e do comércio. Ainda assim, notam os analistas, “o programa de estabilização macroeconómico, recentemente introduzido pelo Governo, focado em melhorar o ambiente de negócios através da redução do défice e consolidação da dívida, bem como da flexibilização da taxa de câmbio, tem sido recebido positivamente pelos investidores internacionais”.
A economia deve sair da recessão este ano, “alicerçada no aumento dos preços para a principal matéria-prima que Angola exporta”, notam os analistas, vincando que “as medidas de consolidação orçamental e a transição para uma taxa de câmbio flexível, em conjunto com o empenho do Governo na redução da dívida pública, devem alimentar o crescimento do investimento”.
No conjunto, as economias da África subsaariana deverão crescer 3,5% este ano, acelerando ligeiramente para 3,7% em 2019, com Etiópia, Costa do Marfim, Gana e Tanzânia a liderarem o crescimento. “As previsões para as economias da África subsaariana mantiveram-se este mês e o PIB regional deve crescer 3,5% em 2018”, lê-se no relatório desta consultora britânica, que alerta para os desafios que a região enfrenta.
Entre os riscos apontados, os analistas sublinham “os grandes volumes de dívida, que tornam os países especialmente vulneráveis às flutuações nos mercados financeiros internacionais, e o forte abrandamento no crescimento da China, que pode manietar a actividade na região e a procura pelos recursos minerais do continente”.»
Inflação anual homóloga está em 18,56%
A taxa de inflação em Angola subiu 1,2 por cento em Agosto face a Julho, tendo caído para 18,56 por cento, a um ano, face aos mais de 25 por cento acumulados registados em Agosto do ano passado, divulgou hoje o INE angolano.
“O Índice de Preços no Consumidor Nacional registou uma variação de 1,21 por cento, durante o período de Julho a Agosto de 2018”, lê-se no documento divulgado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, que dá conta ainda de que “a variação homóloga situa-se em 18,56 por cento, registando um decréscimo de 6,62 pontos percentuais com relação a observada em igual período do ano anterior.
A classe ‘Alimentação e Bebidas não Alcoólicas’ foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços, diz o INE, apontando para os 0,55 pontos percentuais de aumento durante agosto, seguida das classes ‘Vestuário e Calçado’, com 0,14 pontos percentuais, ‘Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção’ com 0,11 pontos percentuais, e “Bens e Serviços Diversos” com 0,10 pontos percentuais.
Em termos geográficos, “as províncias que registaram maior aumento foram o Bengo com 1,82 por cento, Cuanza Sul com 1,75 por cento, Malanje com 1,68 por cento e Uíge com 1,59 por cento”, ao passo que no outro extremo estiveram as províncias de Lunda-Sul com 0,70 por cento, Namibe com 0,79 por cento, Cabinda com 0,90 por cento e Huíla com 0,94 por cento.
Em 2016, a inflação em Angola (12 meses) ultrapassou os 40 por cento e no ano seguinte os 30 por cento.
Folha 8 com Lusa